O lançamento dos Otherdeeds não foi como os investidores esperavam, poréme trouxe um fator positivo: a queima recorde de Ether (ETH). De acordo com o site Watch the Burn, a queima em taxas superou os 71.000 ETH, ou quase R$ 1 bilhão em valores atuais.
Esse foi o maior volume de queima de tokens mensal desde janeiro, quando foram queimados 19.200 ETH em taxas. A intensidade das queimas ocorreu por causa da forte demanda pelos terrenos do Otherside, metaverso ligado a coleção Bored Ape Yatch Club (BAYC).
O aumento nas queimas de ETH significa menos moedas em circulação, o que para muitos é um bom sinal. A ETH pode virar deflacionária e se tornar uma reserva de valor no longo prazo. Mas será que isto é possível ou sustentável?
EIP 1559 e a queima de tokens
Diferentemente do Bitcoin (BTC), a ETH não possui um número limitado de tokens, tampouco uma impressão controlada. Com isso, a oferta de ETH cresce a parâmetros diferentes da do BTC, e de forma indefinida.
Nesse sentido, há mais de dez vezes mais ETH do que BTC no mercado, de acordo com dados do CoinMarketCap. Enquanto existem apenas 19 milhões de BTC, a oferta de ETH já supera os 120 milhões em circulação.
Por isso, a queima de ETH foi um mecanismo implementado pela EIP 1559 em agosto, com o objetivo de reduzir a emissão de novos ETH. A queima atinge especialmente os tokens emitidos através das taxas de transação pagas pelos usuários.
Logo, quanto mais taxas são pagas, maior é a queima de ETH em circulação. Isso aconteceu justamente com o pico de demanda pelos terrenos do Otherside. Antes da venda inicial, a média diária de ETH queimados ficava entre 10.000 e 20.000 ETH. Contudo, no dia 30 a taxa explodiu em um forte pico e superou 70.000 ETH.
O impacto do aumento de taxas derrubou o preço da ApeCoin (APE), criptomoeda utilizada no pagamento dos NFTs. Seu preço chegou a cair mais de 30% por causa das vendas realizadas por quem não conseguiu comprar os terrenos.
ETH deflacionário?
No entanto, a queima de ETH teve pouco impacto no preço da segunda maior criptomoeda do mercado. De fato, a ETH registrou apenas um leve aumento de US$ 100, saindo de US$ 2.743 para cerca de US$ 2.850 no dia 1 de maio.
Para Edilson Osório Jr, CEO da OriginalMy, a queima de ETH traz impactos no sentido de reduzir o ritmo da emissão de novas moedas. Contudo, a deflação é o fenômeno de reduzir a oferta total de um dinheiro na economia, e não reduzir a taxa de expansão.
“Embora o Ethereum esteja queimando muitas moedas desde a EIP-1559, ele continua emitindo moedas sem um cap, infinitamente. E ainda conta com uma taxa de crescimento de aproximadamente 2% ao ano até esse momento, mesmo considerando a queima”, explica Osório.
Ou seja, o número de novas ETH em circulação diminui, mas ainda há mais ETH sendo emitidos do que sendo queimados. Segundo o Watch the Burn, 2.259.318 ETH foram queimados desde a implementação da EIP 1559. No entanto, 3.638.455 foram emitidos como recompensas.
Nos oito meses desde a chegada da EIP 1559, 1.379.137 novos ETH foram colocados no mercado. Isto é, não houve uma redução líquida da oferta da criptomoeda.
“Então, embora diminua o número de moedas em circulação (apenas 55.000), não teria a capacidade de impactar o todo porque ainda existem 120.616.772 ETH em circulação”, afirma Osório.
Via: https://www.criptofacil.com/ether-mais-escasso-queima-de-tokens-atinge-maximas-e-inflacao-cai-50/